Caos
Sentia-se tão pequeno. Tão pequeno. Pequenininho. Ia embora da escola, chegava em casa, deitava na cama e encolhia-se. Era assim todos os dias. Afogava-se em suas idéias, sonhos. Esses sim eram grandes. Tão grandes. Grandíssimos. O quarto era pequeno. A cabeça era grande. Seu corpo era pequeno. Seu mundo era grande. Todo dia essa desproporção tomava conta da sua vida. Útero. Mundo. Grande. Pequeno. Alto. Baixo. Por aí seguia. Afogava-se. Afogava-se. Faltava-lhe ar. Acordava do seu mundo grande e se via naquele útero. Preso em si mesmo. Um dia, quando voltava do mundo grande para o útero, trouxe consigo (sem querer) uma idéia. E como característica principal de suas idéias, essa era grande. Grandíssima. Ficou sufocado. Sua idéia o deixava sem ar. Não conseguia mais. Seu quarto estava em trabalho parto. Alto. Baixo. Grande. Pequeno. Cheio. Vazio. Longo. Curto. Gigante. Alto. Enorme. Grande. Transbordante. Cheio. Quilométrico. Longo... Não dava mais. Não cabia mais....