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Ei, psiu! Bonito aqui, hein? Pena que hoje estou sem vontade de nada. Aliás, estou com uma vontade danada de sair correndo por aí. Puta que pariu. Tá complicado demais. É cada coisa que eu ando fazendo pra ter que me aturar que tá difícil. E sabe o que é pior? Eu preciso equilibrar sorrisos, abraços, ódio e uma vontade enorme de bater em qualquer um que aparece na minha frente. Agora, por que eu preciso me equilibrar? Bom, até poucas horas existia e resistia em mim uma vontade até singela de viver em sociedade. Ou melhor, de viver. O engraçado é que eu sempre disse que quando esse desejo acabasse, eu jogaria os pratos no chão e sairia que nem uma metralhadora pra cima do primeiro que passasse na minha frente. Já vi que isso não vai acontecer. Adianta de que partir pra cima dos outros? O problema está na gente, mesmo que o responsável por ele ter aparecido seja uma outra pessoa. Eu ando tão fora de controle que um dia eu trabalho no desapego e no outro já não tenho nem coragem de descer

2 poemas

Escândalo silencioso Primeiro eu me vi Depois eu me virei Me revirei e chorei feito criança. “Que horror, que injusto! que tristeza!” Gritava tudo isso na minha cabeça pra ninguém ouvir – ninguém mesmo. Além de feio, eu não poderia ser escandaloso. Microscópico Será que pelas lentes de um microscópio daqueles da aula de ciências daria pra ver – nem que seja uma uma célula morta, ou um vestígio – o seu amor por mim?

Onde está o batom vermelho?

Acho que já tem uns três meses que a frase “não tenho nada a perder” virou um mantra pra mim. Sempre fui muito bobinha, tímida, “sozinha de fazer dó”, dizia sempre minha mãe quando fui chegando perto dos 40 e ainda passava o fim de semana de pijama, ouvindo música ou assistindo alguma bobagem americana na TV. Eu sempre disse que foi por escolha, da mesma forma que agora também está sendo uma escolha. “Despiroquei”, “joguei a toalha”, “chutei o balde mesmo”. Ando dizendo isso pra qualquer um que vem chegando com conversinha pro meu lado. Eu sempre escutei que eu deveria ser mais pra-frente. Por que é que agora estão vindo com essa? Me poupe! Com a minha idade ninguém tem que se meter em nada. Por falar em meter, hoje tem. E eu não tenho nada a perder. Agora falta só passar o batom. Que coisa! De pensar que há 3 meses me dei conta de que não tinha um batom! Lorena, aquela vaca que só me maltratava teria inveja se me visse assim. Acontece que ela morreu. Peninha. Ainda morreu feia. Eu não

Tapete persa

É ela. É ela! Eu sei o que está acontecendo, por isso preciso ser rápido. Sei também que de nada adianta essa pressa. Preciso ser paciente em meio a esse furacão. Estou bem ciente do que estou vivendo. Infelizmente. Meu corpo insiste, mas é ele quem dá as ordens. Minha alma apenas obedece. O que eu posso fazer? Sempre levei a vida na brincadeira. Aceito tudo como se fosse uma aventura. Indeciso, sempre prefiro me arrepender olhando para as cicatrizes do que chorar pelo leite derramado, pelo copo quebrado... Copo. Procuro por um copo, mas me lembro que o último foi quebrado pelo mesmo motivo que me faria quebrar outro agora. Foi há duas semanas. Semanas. Ainda tenho certa noção de tempo. Me levanto mais rápido do que os batimentos por minuto do meu coração. Tudo está acelerado, mas só de saber que o normal se aproxima, eu me desespero. Normal pra quem? Busco uma cueca em meio a um emaranhado de roupas jogadas em cima da cama, assim como meus pensamentos estão. Encontro uma. Acredito ser

“tudo em volta está deserto”

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aqueles dias em que todo mundo está cheio de si e ao redor você se dá conta de que – na verdade – eles são um vazio imenso por fim, para piorar, você não pode nem dizer: “meu amor” apenas “tudo em volta está deserto”

tentando

Ei! Eu tô tentando, viu? E não sou só eu. A Claudete, aquela que ninguém sabe o nome, conhecida como “moça da limpeza”, também está tentando. A dona Isabel – da feira de domingo – também. O cara, um que vivia ali na ocupação, estava tentando também, mas aí, um dia antes da frente fria, o prefeito mandou todo mundo pra rua. Um dia antes da frente fria. Rua! E ele estava tentando.

Esquecer sem se esquecer

Olha só que engraçado, já é quase verão e – do nada – quando achei que já tinha me esquecido, hoje você passou pela minha cabeça. Foi coisa rápida, mas que acelerou meu coração daquele jeito que você fazia comigo nos tempos sombrios e frios de inverno. Estranhei essa passagem. Deve ser esse fim de primavera com temperatura baixa. Tanta coisa mudou em tão pouco tempo. Tanto de mim eu descobri em tão pouco tempo. Tanto respeito por mim eu passei a ter. Respeito o suficiente para entender que essa sua passagem é só coisa da vida, que não faz mais muito sentido por aqui. É como esbarrar em alguém na rua, pedir desculpas e seguir. Sabe, teve horas em que eu senti tanta vergonha de mim naquele inverno por criar sentimentos em tão pouco tempo. Hoje eu sinto um baita orgulho. É lindo isso. É lindo demais se abrir para uma paixão e também é lindo se machucar. Loucura? Acho que não. Sem essas cicatrizes por aqui eu não teria algumas das marcas que eu mais gosto em mim. Gostar de mim. Isso é outr

Eu sinto você

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No começo parecia estranho. Doía. Hoje sinto falta se não acontecer. O quê? Ah! Não falei! Sentir você. Isso. Vira e mexe eu sinto você por aqui, acredita? Sabe uma das horas que mais sinto você por perto? Na feira. Pra lá, pra cá. Cheio de gente. Cheio de frutas, verduras, folhas, legumes. Daí eu acabo me lembrando da época em que acompanhava você todas as quartas-feiras no supermercado. Você escolhia tudo e eu pesava tudo. "Nossa, como você é rápido, menino! Ainda bem que tenho você!" . Hoje penso o mesmo enquanto ando rua abaixo. "Nossa, ainda bem que tenho você". Vez ou outra, quando resolvo cozinhar, eu também sinto você. Vai achar que eu estou mentindo, mas eu juro que faço a cruz na massa do pão. Do jeitinho que você fazia. Sei lá, vai que dá errado? Nunca deu, mas nunca fica do jeito que você fazia. Fazer o quê, né? Pelo menos eu sinto você. Acho que eu já sei porque sempre sinto você. É porque eu sou parte de você. Eu vim de você. Por isso eu tenho você. É.

Eu ainda estou aqui

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Mesmo depois de um furacão. Mesmo depois de me destruir, eu ainda estou aqui. Eu ainda respiro. Fraco, mas eu respiro. Meu coração aperta e o mundo me assusta muito, mas eu ainda estou aqui. Muita coisa se passou. Passou por mim. Passou dentro de mim e eu ainda eu estou aqui. Se eu não me salvar, eu não vou estar mais aqui. E por ainda ter um coração acredito que eu ainda preciso estar aqui. 12 de novembro de 2021

Hoy yo pensé...

En mis miedos Yo tengo miedo de encontrar una cucaracha en la calle. Tengo miedo de ratones. Tengo miedo de que una persona rara me persiga. Tengo miedo de que me confundan con otra persona. Tengo miedo de morir, no lo importa cómo. Tengo miedo de aventuras, de quedarme enamorado, de amar, de amarme, miedo de decir “te quiero”, de pelear, de que peleen conmigo, de quedarme triste, de quedarme loco, de odiar alguien, de que me odien. También tengo miedo de odiarme. Tantos son los miedos que me persiguen que yo no los puedo poner en una lista, pero hay algo que a mí no me da miedo: tener miedo. Yo no tengo miedo de tener miedo. Yo siento miedo. Yo tengo miedos. Yo soy humano y es por eso que siento y tengo miedo. Raro sería no tener miedo de nada. Raro seria no ser humano. En ti Mira que curioso. Ya es casi verano y – de la nada – cuando pensé que me había olvidado de ti, hoy tú me cruzaste por la cabeza. Fue solo un momento, pero me aceleraste el corazón de la misma manera en la que lo