A decisão de Helena
Três da madrugada, uma das horas onde o bar se encontra em sua mais profunda decadência.
Havia uns dez clientes, Barbosa com os olhos vermelhos fazia de tudo, limpava, trazia mais cerveja, pinga, petiscos e o que mais pedissem. Limpava o chão, o balcão e ainda expulsava alguns bêbados que começassem a atrapalhar, mas claro, antes pegava o dinheiro da carteira sem que percebessem, parecia ter uma técnica. João viu aquilo e logo gritou:
– Eu que sou esperto! Não fico bêbado aqui! Senão o senhor pega meu dinheiro todo!
– Só pego o que me devem!
– Quem garante? - disse João rindo.
– Está achando que sou ladrão? - respondeu Barbosa com a cara fechada.
– Quem meche na carteira dos outros pra mim é ladrão!
– O senhor se continuar falando assim comigo te ponho na rua!
João se levantou da cadeira e jogou sua garrava de cerveja no chão. Parecia não brincar mais. Com o rosto vermelho aproximou-se de Barbosa e o pegou pelo pescoço:
– Melhor o senhor parar de graça! Se continuar assim sabe o que faço! Seu mala! De santo só a cara! Nunca vi dono de bar ser gente boa assim!
João soltou Barbosa, que parecia assustado com as palavras que acabara de ouvir. O homem subiu a calça até a barriga, como era de costume, pegou uma arma do bolso, apontou pro alto e gritou:
– Agora vai todo mundo embora desse bar! Seu Barbosa não vai atender mais ninguém!
Todos fizeram fila para pagar. Por incrível que pareça, nesse dia todos pagaram, menos João, que foi o último a ir.
– O senhor fica esperto comigo! Esse bar aqui, amanhã pode não existir mais! E o que eu bebi e comi fica por sua conta, que ainda é pouco! Devia ter aproveitado mais!
João então foi embora. Barbosa ia fechando a porta quando,uma mulher de cabelos loiros e desajeitados toda desarrumada se aproximava.
Barbosa logo pensou, "Lá vem uma dessas prostitutas sem clientes..."
– Oi moço! Antes de fechar posso tomar uma só? Por favor! - disse a moça chorando e correndo em direção ao bar.
– Uma só! Mas vou fechar por que ninguém pode ver aqui aberto! - respondeu Barbosa olhando para os lados.
A moça entrou. Barbosa logo fechou a segunda e última porta do bar.
– Boate azul... -disse a mulher - diferente... É por causa da música?
– Não senhora. Então. Aqui está! Mas só uma.
Ela deu o primeiro gole na cerveja, mas pareceu reprovar.
– Sabe... Acho que cerveja não vai ser bom hoje... Me vê uma pinga aí! Das piores!
– Não posso senhora, se me verem aqui com você não vão gostar!
– Quem? Quem iria achar ruim um dono de bar atender uma cliente?! O senhor é que está de má vontade! Nunca vi! Recusar cliente! Eu vou pagar viu?!
– Não é isso dona... É uma outra história... Por mim eu virava a noite trabalhando, não sou de fugir de trabalho... Vamos fazer uma coisa? Eu te dou uma dose, você toma e vai logo! Tudo bem?
– Não precisa mais! Eu já vou! Aliás...
– HELENA! EU TE AMO! POR FAVOR!
Carlos continuava gritando. Barbosa não sabia se preocupava com o bar que ainda estava meio aberto, ou escutava a história da moça. Decidiu. Correu e abriu a porta do bar. Gritou:
– EI! RAPAZ! VENHA AQUI!
– Você é louco! Não é pra ele me ver aqui! - disse Helena nervosa.
– A senhora me desculpa, mas já sou mais vivido do que você, que é uma mulher da vida... Passei por uma situação que me lembra essa sua!
– E o que aconteceu?! - perguntou a moça interessando-se.
– Agora não é hora, mas eu garanto que se você ficar com ele vai ser a melhor coisa!
Enquanto os dois conversavam, Carlos se aproximava. A porta já estava aberta. O homem chegou e viu Helena sentada.
– Então é assim? Você vai fugir de mim?
– Eu não quero me casar! Você sabe!
– Eu quero te fazer feliz! Tirar você dessa vida!
– Quem disse que não sou feliz do jeito que eu vivo?
– Vai me dizer que prefere morar naquela casa da dona Esmeralda e viver da prostituição?
Barbosa pareceu emocionado ao ouvir as palavras do homem. Mas logo preocupou-se e fechou a porta do bar.
– Eu não quero nada com você! Será que não entende?!
Havia uns dez clientes, Barbosa com os olhos vermelhos fazia de tudo, limpava, trazia mais cerveja, pinga, petiscos e o que mais pedissem. Limpava o chão, o balcão e ainda expulsava alguns bêbados que começassem a atrapalhar, mas claro, antes pegava o dinheiro da carteira sem que percebessem, parecia ter uma técnica. João viu aquilo e logo gritou:
– Eu que sou esperto! Não fico bêbado aqui! Senão o senhor pega meu dinheiro todo!
– Só pego o que me devem!
– Quem garante? - disse João rindo.
– Está achando que sou ladrão? - respondeu Barbosa com a cara fechada.
– Quem meche na carteira dos outros pra mim é ladrão!
– O senhor se continuar falando assim comigo te ponho na rua!
João se levantou da cadeira e jogou sua garrava de cerveja no chão. Parecia não brincar mais. Com o rosto vermelho aproximou-se de Barbosa e o pegou pelo pescoço:
– Melhor o senhor parar de graça! Se continuar assim sabe o que faço! Seu mala! De santo só a cara! Nunca vi dono de bar ser gente boa assim!
João soltou Barbosa, que parecia assustado com as palavras que acabara de ouvir. O homem subiu a calça até a barriga, como era de costume, pegou uma arma do bolso, apontou pro alto e gritou:
– Agora vai todo mundo embora desse bar! Seu Barbosa não vai atender mais ninguém!
Todos fizeram fila para pagar. Por incrível que pareça, nesse dia todos pagaram, menos João, que foi o último a ir.
– O senhor fica esperto comigo! Esse bar aqui, amanhã pode não existir mais! E o que eu bebi e comi fica por sua conta, que ainda é pouco! Devia ter aproveitado mais!
João então foi embora. Barbosa ia fechando a porta quando,uma mulher de cabelos loiros e desajeitados toda desarrumada se aproximava.
Barbosa logo pensou, "Lá vem uma dessas prostitutas sem clientes..."
– Oi moço! Antes de fechar posso tomar uma só? Por favor! - disse a moça chorando e correndo em direção ao bar.
– Uma só! Mas vou fechar por que ninguém pode ver aqui aberto! - respondeu Barbosa olhando para os lados.
A moça entrou. Barbosa logo fechou a segunda e última porta do bar.
– Boate azul... -disse a mulher - diferente... É por causa da música?
– Não senhora. Então. Aqui está! Mas só uma.
Ela deu o primeiro gole na cerveja, mas pareceu reprovar.
– Sabe... Acho que cerveja não vai ser bom hoje... Me vê uma pinga aí! Das piores!
– Não posso senhora, se me verem aqui com você não vão gostar!
– Quem? Quem iria achar ruim um dono de bar atender uma cliente?! O senhor é que está de má vontade! Nunca vi! Recusar cliente! Eu vou pagar viu?!
– Não é isso dona... É uma outra história... Por mim eu virava a noite trabalhando, não sou de fugir de trabalho... Vamos fazer uma coisa? Eu te dou uma dose, você toma e vai logo! Tudo bem?
– Não precisa mais! Eu já vou! Aliás...
A mulher é interrompida pela voz de um homem que gritava pela rua:
– HELENA! ATÉ QUANDO VAI SE ESCONDER?! É ASSIM QUE VOCÊ VAI CONTINUAR VIVENDO? ESCONDENDO-SE POR AÍ?!
Barbosa logo disse:
– Esses bêbados me perseguem...
– Não é bêbado não! É o Carlos! - disse a mulher assustada.
– A senhora conhece o doido?!
– O doido aí me ama! Ele quer se casar comigo. Mas eu não quero! Eu não nasci para pertencer a ninguém! Sou feliz com minha vida pelas esquinas da cidade...
– Sei...
– HELENA! ATÉ QUANDO VAI SE ESCONDER?! É ASSIM QUE VOCÊ VAI CONTINUAR VIVENDO? ESCONDENDO-SE POR AÍ?!
Barbosa logo disse:
– Esses bêbados me perseguem...
– Não é bêbado não! É o Carlos! - disse a mulher assustada.
– A senhora conhece o doido?!
– O doido aí me ama! Ele quer se casar comigo. Mas eu não quero! Eu não nasci para pertencer a ninguém! Sou feliz com minha vida pelas esquinas da cidade...
– Sei...
– HELENA! EU TE AMO! POR FAVOR!
Carlos continuava gritando. Barbosa não sabia se preocupava com o bar que ainda estava meio aberto, ou escutava a história da moça. Decidiu. Correu e abriu a porta do bar. Gritou:
– EI! RAPAZ! VENHA AQUI!
– Você é louco! Não é pra ele me ver aqui! - disse Helena nervosa.
– A senhora me desculpa, mas já sou mais vivido do que você, que é uma mulher da vida... Passei por uma situação que me lembra essa sua!
– E o que aconteceu?! - perguntou a moça interessando-se.
– Agora não é hora, mas eu garanto que se você ficar com ele vai ser a melhor coisa!
Enquanto os dois conversavam, Carlos se aproximava. A porta já estava aberta. O homem chegou e viu Helena sentada.
– Então é assim? Você vai fugir de mim?
– Eu não quero me casar! Você sabe!
– Eu quero te fazer feliz! Tirar você dessa vida!
– Quem disse que não sou feliz do jeito que eu vivo?
– Vai me dizer que prefere morar naquela casa da dona Esmeralda e viver da prostituição?
Barbosa pareceu emocionado ao ouvir as palavras do homem. Mas logo preocupou-se e fechou a porta do bar.
– Eu não quero nada com você! Será que não entende?!
Carlos tirou do bolso uma caixinha e disse a Helena:
– Então tudo bem! - disse chorando - Continua assim!
– Então tudo bem! - disse chorando - Continua assim!
O homem deixou a caixinha na mesa de Helena e deu as costas. Barbosa levantou a porta e ele saiu. Fechou.
Helena abriu a caixinha e havia um anel de brilhantes. Começou a chorar. Barbosa querendo demonstrar certa frieza, disse:
– Ainda vai querer a pinga?
Ela não respondeu. Tirou um anel grande de ouro que estava em seu dedo, deixou sobre a mesa. Colocou a aliança no dedo. Chorando e emocionada levantou-se.
– O senhor abre a porta por favor?
– Com todo prazer - disse Barbosa sorrindo.
Ele abriu a porta. Antes da mulher sair o dono do bar disse:
– Garanto que não vai se arrepender!
– Espero! - disse a moça emocionada.
Helena saiu correndo atrás de Carlos.
– Ainda vai querer a pinga?
Ela não respondeu. Tirou um anel grande de ouro que estava em seu dedo, deixou sobre a mesa. Colocou a aliança no dedo. Chorando e emocionada levantou-se.
– O senhor abre a porta por favor?
– Com todo prazer - disse Barbosa sorrindo.
Ele abriu a porta. Antes da mulher sair o dono do bar disse:
– Garanto que não vai se arrepender!
– Espero! - disse a moça emocionada.
Helena saiu correndo atrás de Carlos.
Barbosa apagou as luzes e fechou finalmente a porta do bar.
No dia seguinte ao abrir o bar, viu o anel de Helena em cima da mesa. Com medo se ser percebido, pegou. Deu uma olhada e sorriu. Guardou no bolso e foi abrir a outra porta.
No dia seguinte ao abrir o bar, viu o anel de Helena em cima da mesa. Com medo se ser percebido, pegou. Deu uma olhada e sorriu. Guardou no bolso e foi abrir a outra porta.
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