O primeiro a chegar
Mal tinha aberto as portas, um homem chega até o bar. Barbosa até pensou que era ladrão, mas logo viu a cara de choro do sujeito. Pensou, "Mais um desiludido..."
O homem parecia ter uns 40 anos, seus cabelos já eram mais brancos do que pretos. Estava com os olhos inchados, parecia que segurava o choro a um bom tempo. Sentou no banquinho do balcão, jogou sua pasta no chão e bateu a mão na mesa:
– Me vê a pior que o senhor tiver!!
Quando pedem a pior pra seu Barbosa, ele nem hesita em dizer nada. Pegou logo a pior e virou no copinho para o sujeito beber.
O homem parecia nunca ter entrado em um bar. Tentou dar o primeiro gole, não conseguiu. No segundo quase vomitou. Quando ia tentar o terceiro, Barbosa disse:
– Forte né?
O homem olhou para ele, abaixou a cabeça e começou a rir.
– É, acho que não vou conseguir... - disse rindo.
– Não quer tentar outra mais leve?
– Acho que não, obrigado. Não sou de beber, foi apenas por impulso que vim aqui.
Barbosa levantou os olhos concordando. Depois disso tirou o copo da frente do homem.
Vendo que o movimento aumentava, o primeiro cliente resolveu ir embora, sem mesmo falar com Barbosa. Pegou sua pasta, arrumou a camisa e se foi.
Quando o dono do bar percebeu que Eduardo foi embora, pegou o copo cheio que escondeu, um funil que estava em cima da pia, e devolveu a pinga para a garrafa.
O homem parecia ter uns 40 anos, seus cabelos já eram mais brancos do que pretos. Estava com os olhos inchados, parecia que segurava o choro a um bom tempo. Sentou no banquinho do balcão, jogou sua pasta no chão e bateu a mão na mesa:
– Me vê a pior que o senhor tiver!!
Quando pedem a pior pra seu Barbosa, ele nem hesita em dizer nada. Pegou logo a pior e virou no copinho para o sujeito beber.
O homem parecia nunca ter entrado em um bar. Tentou dar o primeiro gole, não conseguiu. No segundo quase vomitou. Quando ia tentar o terceiro, Barbosa disse:
– Forte né?
O homem olhou para ele, abaixou a cabeça e começou a rir.
– É, acho que não vou conseguir... - disse rindo.
– Não quer tentar outra mais leve?
– Acho que não, obrigado. Não sou de beber, foi apenas por impulso que vim aqui.
Barbosa levantou os olhos concordando. Depois disso tirou o copo da frente do homem.
– Ah! Me desculpe, quanto é?
– Nada não, o senhor nem bebeu... -disse o dono do bar dando as costas para o cliente e colocando o copo cheio atrás de umas garrafas vazias.
– Que isso! Mas o senhor perdeu um copo! Eu encostei minha boca na bebida.! Pela garrafa dá pra ver que não é das baratas...
– Não tem problema filho, um não vai me matar... Já perdi tanta coisa nessa vida que um copo de pinga não é nada!
– O senhor já perdeu muita coisa na vida?
-Ih! Se eu for contar...
– Então estamos juntos!
– Por quê? - perguntou Barbosa sorrindo.
– Acabei de perder o emprego...
– Imaginei...
– Por quê? - perguntou o homem sorrindo.
– á vi muita coisa nessa vida, se fosse mulher o senhor tinha bebido, mas parece que não pode chegar bêbado e desempregado em casa né?!
Um silêncio tomou conta do bar. O cliente fez uma cara de espanto ao perceber o conhecimento do velho.
– Nada não, o senhor nem bebeu... -disse o dono do bar dando as costas para o cliente e colocando o copo cheio atrás de umas garrafas vazias.
– Que isso! Mas o senhor perdeu um copo! Eu encostei minha boca na bebida.! Pela garrafa dá pra ver que não é das baratas...
– Não tem problema filho, um não vai me matar... Já perdi tanta coisa nessa vida que um copo de pinga não é nada!
– O senhor já perdeu muita coisa na vida?
-Ih! Se eu for contar...
– Então estamos juntos!
– Por quê? - perguntou Barbosa sorrindo.
– Acabei de perder o emprego...
– Imaginei...
– Por quê? - perguntou o homem sorrindo.
– á vi muita coisa nessa vida, se fosse mulher o senhor tinha bebido, mas parece que não pode chegar bêbado e desempregado em casa né?!
Um silêncio tomou conta do bar. O cliente fez uma cara de espanto ao perceber o conhecimento do velho.
– Como o senhor se chama?
– José Antônio Barbosa, mas pode chamar só de Barbosa mesmo...
– Prazer, eu sou o Eduardo.
– Prazer... Mas então, qual foi o motivo? Crise econômica ou erro?
– Na verdade, nenhum dos dois, acho que é crise de idade. Trabalho lá há quinze anos, nunca reclamaram do meu serviço... Mas com todas essas tecnologias, sabe como é né? E também, só estão admitindo os jovens inexperientes, velhos como eu estão perdendo para esses moleques!
– Entendo... E agora não sabe como contar pra família né?
– É... Desde que me casei sustento minha casa... Tenho três filhas que precisam de mim, fora a esposa...
– É amigo... Só lhe digo uma coisa, ainda bem que o senhor não bebeu, com quatro mulheres pra cuidar, se chegasse com essa notícia em casa e bêbado, amanhã o senhor iria voltar e beber mais... Eu no seu lugar ia pra casa e contava logo, elas vão entender...
– Entender eu sei que vão... Mas o problema é se eu não conseguir outro emprego antes do dinheiro do acerto acabar...
– Se o senhor teve muitos anos de experiência, logo arranja um novo emprego! Eu garanto...
– José Antônio Barbosa, mas pode chamar só de Barbosa mesmo...
– Prazer, eu sou o Eduardo.
– Prazer... Mas então, qual foi o motivo? Crise econômica ou erro?
– Na verdade, nenhum dos dois, acho que é crise de idade. Trabalho lá há quinze anos, nunca reclamaram do meu serviço... Mas com todas essas tecnologias, sabe como é né? E também, só estão admitindo os jovens inexperientes, velhos como eu estão perdendo para esses moleques!
– Entendo... E agora não sabe como contar pra família né?
– É... Desde que me casei sustento minha casa... Tenho três filhas que precisam de mim, fora a esposa...
– É amigo... Só lhe digo uma coisa, ainda bem que o senhor não bebeu, com quatro mulheres pra cuidar, se chegasse com essa notícia em casa e bêbado, amanhã o senhor iria voltar e beber mais... Eu no seu lugar ia pra casa e contava logo, elas vão entender...
– Entender eu sei que vão... Mas o problema é se eu não conseguir outro emprego antes do dinheiro do acerto acabar...
– Se o senhor teve muitos anos de experiência, logo arranja um novo emprego! Eu garanto...
Eduardo ficou mudo. Barbosa foi atender a freguesia que chegava. O bar começava a encher, uns já vinham bêbados, outros chorando assim como Eduardo chegou.
Vendo que o movimento aumentava, o primeiro cliente resolveu ir embora, sem mesmo falar com Barbosa. Pegou sua pasta, arrumou a camisa e se foi.
Quando o dono do bar percebeu que Eduardo foi embora, pegou o copo cheio que escondeu, um funil que estava em cima da pia, e devolveu a pinga para a garrafa.
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