Na beira do mar
– 2017 –
Regina estava passeando na beira do mar com seu namorado, Carlos. Ambos estavam com um sorriso radiante. Afinal, cinco anos de namoro era um bom motivo para comemorar.
Enquanto caminhava, Regina sentiu algo enroscar em seu tornozelo. Era uma fita desbotada, com alguns desenhos, mas não soube decifrá-los. Tirou o pano do tornozelo. Teve uma sensação estranha ao olhar para o objeto. Deu um sorriso e o lançou de volta ao mar.
– 1982 –
Férias na praia
Madalena sempre morou no interior, nunca tinha ido ao litoral. No verão de 1968, seus pais finalmente puderam levá-la para ver o mar. Ela estava ansiosa. Aos 17 anos iria finalmente sentir a brisa que suas amigas tanto falavam.
Sua mãe lhe presenteou com um lindo maiô. Era todo vermelho com alguns detalhes pretos. Madalena não gostou muito. Queria mesmo era um biquini, mas sabia que pai jamais a deixaria usar esse tipo de traje. Sua mãe a confortou dizendo que só de conhecer o mar já era maravilhoso, o traje era o de menos.
De olhos antentos
Dona Helena, mãe de Madalena teve a ideia de vendar os olhos da filha com uma meia de nylon e só abri-los apenas quando chegassem na praia. A filha não se continha de tanta felicidade. Estava ansiosa pelo momento em que seus olhos vissem pela primeira vez o oceano.
Enquanto a filha enxergava apenas escuridão, o pai, Francisco, dirigia atento pela estrada. Estava passando por uma estrada estreita e próxima ao mar.
Chuva de verão
Como todo verão, esse não foi diferente. Uma chuva começou a cair. Francisco estava com dificuldades de enxergar. Helena olhou para a filha e disse que.
Escuridão
De repente, um barulho tomou conta dos ouvidos de Madalena, que ainda estava com os olhos vendados. A mãe fizera um laço forte. A jovem gritava pelos pais, mas não obtinha resposta. Sentia uma dor terrível nas costas. Seus braços estavam presos em algo que não sabia bem o que era.
Aquela situação foi ficando agonizante. Ruídos de chuva e um forte cheiro de fumaça tomavam conta do ambiente. Madalena acreditava ser do carro. Aos poucos sentiu o carro se mexer. A chuva não dava trégua.
De olhos fechados, a moça foi engolida pelo mar. Ela não pôde encará-lo, mas sentiu-se abraçada pela sua fúria nos seus últimos momentos de vida.
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