O dia em que escrevi um soneto
Passo o dia inteiro escrevendo em frente a uma tela de computador. Um dia desses, quando cheguei em casa, decidi continuar escrevendo, mas ao contrário de títulos publicitários ou roteiros com trocas de ofertas, decidi ser um pouco ousado. Quis escrever um soneto.
Você deve estar pensando: "soneto?". Isso mesmo. Aquele estilo de poema com dois quartetos e dois tercetos e versos decassílabos. Voltou às aulas de literatura, né?
Então. Não é que o negócio saiu? Claro que não é como os de Vinícius de Moraes ou maravilhoso Olavo Bilac, mas é um soneto. Estou feliz por isso. Decidi compartilhar com vocês, raros leitores desse blog.
Por fim, quero agradecer às minhas amigas Andressa e Nathália, que sempre leem o que escrevo (e sempre acham tudo lindo) e ao amigo Raul, professor de literatura e redação, que confirmou pra mim que esse poema aí é sim um soneto. É isso. Espero que gostem.
PALAVRAS-ESTRELAS
Num encontro com o sopro do vento
sufocam-me palavras que em mim guardo
e nem sequer a força d’um petardo
livra-me deste profundo tormento.
Escute, óh céus, este triste lamento
de um homem que é infeliz e bastardo,
porque carrega o lamentável fardo
de calar o amor, pulcro sentimento.
Desvela-me, lua! Mostra-me às estrelas.
Porque de mim encontram-se distantes.
Assim, nenhum momento hei de temê-las.
Estarão todas elas cintilantes.
As palavras, não mais irei retê-las.
Deixarão de ser fardo: serão estrelas.
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