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Mostrando postagens de setembro, 2018

Do velho ao novo

A gente se machuca. A gente se cura.A gente se odeia. A gente se ama. A gente bagunça. A gente organiza. A gente bagunça e arruma de novo. A gente se odeia e se ama de novo. A gente se machuca e se cura. De novo. E de novo, de novo, de novo... E de tanto repetir a gente percebe uma coisa: a gente envelhece. E não tem de novo. Aí a gente tenta. Tenta não se machucar. Tenta não se odiar. Tenta não bagunçar. O que envelhece a gente? O "repetir erros" ou o "tentar não errar de novo"? É... Não dá pra fugir. A gente envelhece. De um jeito, ou de outro.

O ipê

Era setembro. Eu estava sentado no banco do parque, em frente a um ipê amarelo quando ela chegou. Parecia apreensiva. Foi direta. – O que você quer comigo? – Senta – eu disse. Sentou-se do meu lado e colocou a bolsa no colo. – Então. O que você quer? – Conversar. – Conversar... Eu sei que você quer conversar! Tô perguntando o que você quer de mim com essa conversa. Entendeu? – Entendi. – Então fala! Você não é assim tão calado. Tá sempre cheio de argumentos. O que você quer? – estava impaciente. – Quero, sei lá. Ver você. Ver se a gente pode, sei lá, tentar... – Olha aqui! Eu não tô te entendendo. E, por favor. Olha pra mim. Não olha pro lado. Você me chamou pra conversar, não é? Eu tô aqui, então, POR FAVOR, esteja aqui também. Olha pra mim enquanto eu falo. Fiquei paralisado. De fato eu não conseguia encará-la. Preferia olhar para o céu. O tempo estava aberto e o sol ardia. – Ouviu o que eu disse? – Ouvi. – Não parece. Olhei para o lado. Um. Dois. Dois passarinhos compartilham agora ...