Índia teus cabelos nos ombros caídos...

Arrumando meus vinis numa noite fria de domingo, percebi que meu número de discos vem crescendo de uns 2 anos para cá. Na hora pensei, “por que não contar o que eu acho de cada álbum que tenho?”. Não entendo de música. Tô longe de ser um crítico, mas como já ouso ao escrever sobre alguns filmes e livros sem entender muito, vou aproveitar para escrever sobre música também. O álbum escolhido foi Índia (1973), da jovem Gal Costa, na época com 28 anos.

Eu namorava esse vinil há algum tempo, mas devido à sua popularidade, os preços sempre são altíssimos (dá só uma googlada), mas um dia, visitando a Feira de Discos de Vinil de São Paulo, na Teodoro Sampaio, encontrei um em bom estado e por um precinho bacana. Foi amor. Não teve jeito. Levei.

Cheguei em casa, corri para a vitrola e comecei a ouvir.

ÍNDIA
Famosa guarânia paraguaia, gravada há algum tempo por Cascatinha e Inhana, essa é a música que dá nome ao álbum e é também a primeira faixa. Acompanhada por um arranjo lindo, Gal começa cantando em um tom abaixo do que estamos acostumados. De repente, numa segunda parte da música, ela aumenta o tom e deixa a canção mais calorosa. Uma delícia de ouvir. O final é de deixar a gente sem fôlego.

MILHO VERDE
Não sei explicar o porquê, mas pra mim essa versão do folclore português, interpretada por Gal, é sensorial. Eu realmente me sinto à sombra do milho verde, eu sinto o gosto do milho. Os batuques são envolventes e acelerados.

PRESENTE COTIDIANO
Depois de uma música agitada, vem uma tranquilinha e gostosa de se ouvir. Dando umas lidas na Internet, descobri que essa música teve problemas com a ditadura devido às frases “Quem vai querer comprar banana?” e “O corpo é natural da cama”.

VOLTA
Melancólica e apaixonante. A música é um dos maiores sucessos de Gal, que inclusive tive o prazer de assistir à interpretação ao vivo na turnê A Pele do Futuro, em 2019.

RELANCE
Para quem gosta de brincadeiras com a língua portuguesa, essa música faz um jogo de palavras com o prefixo “re”. Tinha que ter um dedo de Caetano Veloso, claro. E antes que eu me esqueça, a sanfona é de Dominguinhos.

DA MAIOR IMPORTÂNCIA
Composição de Caetano para Gal. Segundo algumas pesquisas minhas pela Internet, a inspiração veio de um “lance” entre os dois.

PASSARINHO
Mais uma música tranquila, Passarinho no final conta com Gal imitando passarinhos com sua voz aguda.

PONTOS DE LUZ
Música com um ritmo animado, na qual a intérprete reitera a todo momento sua felicidade. Será que não era uma ironia aos anos de ditadura?

DESAFINADO
Pra fechar, Gal vem com uma bossa nova de Tom Jobim. Vale lembrar que o primeiro álbum da cantora foi Domingos, com Caetano, em 1967, no estilo bossa nova.

Para terminar, uma curiosidade. O álbum foi quase censurado pela ditadura devido à sua capa ousada, fotografada pelo famosíssimo fotógrafo Antônio Guerreiro. Depois de um acordo, os discos foram vendidos com um plástico azul cobrindo a capa.

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Links algumas curiosidades:
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