3 dias em Montevideo
Numa quinta-feira qualquer, dia de reunião no cliente, eu já estava de malas prontas. Em determinado momento, eu comecei a ficar inquieto. As discussões pareciam não nos levar a lugar algum e eu precisava correr. Da Vila Olímpia até Guarulhos seria uma longa viagem. Vendo a angústia saindo pelos meus olhos, a cliente disse, "Samir! Vai embora, menino!".
Trânsito intenso, troca de táxi no meio da marginal e correria. O importante foi que no fim tudo deu certo. À meia-noite, eu desembarcava no Aeroporto Internacional de Carrasco, em Montevideo. É, pela primeira, eu colocava o pé em outro país e meus ouvidos escutavam uma maioria falando em outra língua.
Seguindo a dica de uma amiga, me hospedei no Habemus Hostel, em Palermo, que, Infelizmente, não existe mais depois da pandemia, mas era um ambiente muito legal, onde conheci pessoas maravilhosas.
DIA 01 - La vista
Inicialmente, meu plano era passar um dia em Montevideo, outro em Punta del Este e o último em Colônia del Sacramento, mas não teve jeito, decidi passar o tempo apenas na capital.
Logo no primeiro dia, saí do hostel e fui para a famosa 18 de Julho. Caminhando por lá, conheci primeiro o Mirador de La Intendencia e sua maravilhosa vista, panorâmica da cidade.
Caminhando ainda mais pela avenida, passei pela Fonte dos Cadeados, pela famosa estátua de Carlos Gardel e mais adiante, a Plaza Cagancha.
Segui caminho pela Plaza del Entrevero e fui até a Plaza Independencia, onde conheci o Palacio Salvo, Museo de la Casa del Gobierno, Teatro Solís, Mausoleo de Artigas, e por fim, a Puerta de la Ciudadela.
A caminhada do primeiro dia foi longa. Segui o passeio pela rua Sanrandí, onde apenas pedestres tem passagem. Lá tirei muitas fotos, conheci a Plaza Constituición e continuei o caminho até o Mercado del Pueblo.
O dia foi longo, mas ainda encontrei energia para assistir a uma apresentação das famosas Murgas, onde cantores com fantasias típicas cantam paródias e fazem do mundo todo (principalmente a América Latina) uma grande piada.
DIA 02 - Soy latino
Meu segundo dia de viagem foi mais tranquilo. Sem muitas ambições, nem muito dinheiro no bolso, alguns hóspedes de hostel me recomendaram um passeio pelo Parque Rodó, Cementério Central e, em seguida, o Mercado Ferrando.
A noite foi muito mais interessante. Tive a oportunidade de acompanhar um ensaio de um desfile dos tambores de Candombe. Em seguida, voltando com alguns hóspedes que conheci, visitamos um pequeno sebo entupido de livros e um vendedor bastante receptivo.
Naquela noite, fiz amizade com um grupo de argentinos. Fomos até um pequeno mercado na rua do hostel e fizemos um "guisado". Era incrível como uma mesa cheia de latinoamericanos se distinguia do restante dos europeus que estavam ao nosso redor.
Ainda mais a noite, eu e este mesmo grupo visitamos uma balada (ou como eles dizem, "boliche") onde só tocava cumbia. Confesso ter sido a primeira vez em que eu entrei em contato com esse ritmo.
Dividimos cervejas pelo caminho, dançamos e aproveitamos a noite como bons companheiros de longa data.
DIA 03 - El adiós
No último dia, o coração já começava a apertar e um arrependimento de ter ficado tão pouco tempo também já estava batendo.
Aproveitei as últimas horas para visitar a Feria Tristán Narvaja, que acontece todos os domingos, no bairro Bairro Cordón. Confesso que nunca vi algo parecido em toda minha vida. Nunca vi tantas frutas, livros, comidas, roupas, relíquias e artistas de rua reunidos em um só lugar.
Voltando de lá, conheci também o Museo del Cannabis, que conta não só a história da maconha, mas como seus benefícios para a saúde e também esbarra em questões políticas, mostrando o quanto o Uruguai sempre procurou ser o país mais a frente da América Latina em relação a questões de liberdade.
Ainda não satisfeito, caminhei até o Palácio Legislativo, onde tirei a foto da capa. Lá pude ficar até o anoitecer, assistir ao ritual de retirada da bandeira e a execução do hino do Uruguai.
Na volta, escutei mais tambores. Pude apreciar mais um ensaio de carnaval de mais tambores de Candombe. Dessa vez a caminhada terminou na rambla.
Na despedida, um grande amigo que fiz no hostel, tocou seu violino e ao som de muita música boa, me despedi de uma das melhores e mais curtas viagens que fiz em toda minha vida.
A sensação de pertencimento à essa grande América Latina ficou ainda maior. Conheci pessoas, lugares e dois escritores que li assim que cheguei no Brasil, Mario Levrero e Mario Benedetti. Sim, o Uruguai é mágico.
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