Fio

Peguei um ônibus. Livro na mão. Por que eu comecei a voltar a ler? Por que eu parei? A leitura está boa. Estou preso nela. O ônibus também parece preso. Só que no trânsito. Estou preso no ônibus. Estou preso a uma rotina. Não entendo mais nada.

Não entendo essa história. Volto algumas páginas. Acho que não peguei o fio da meada. “Fio da meada”, essa expressão me lembra a vovó. De repente eu volto no tempo. “Ah! Perdi o fio da meada!” Por falar na vovó, são quase nove anos. Nove? Dez? Não. São quase nove mesmo. Quanto tempo. O que está acontecendo?! Tudo muda muito rápido!
Toda essa velocidade fez com que eu nem percebesse que já estou na Santo Amaro. Não sei se é o ônibus que vai depressa pelo corredor ou sou eu que nunca reparo ele entrando na Santo Amaro. Abaixo a cabeça. Volto para a história. Agora peguei o fio da meada, mas logo me distraio e reparo nos fios caídos do poste. Se alguém levar um choque? Mano! Que loucura!
Mano? Eu não falo mano, mano! Nada a ver comigo essa gíria aí. Eu não quero perder o meu sotaque. Nunca! Sou goiano. Ê, Goiânia... Chegava no trabalho em 20 minutos. Hoje levo quase 1 hora. Chega. Dá tempo de terminar o livro. Abaixo a cabeça. Peguei o fio da meada.

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