Esquecer sem se esquecer

Olha só que engraçado, já é quase verão e – do nada – quando achei que já tinha me esquecido, hoje você passou pela minha cabeça. Foi coisa rápida, mas que acelerou meu coração daquele jeito que você fazia comigo nos tempos sombrios e frios de inverno. Estranhei essa passagem. Deve ser esse fim de primavera com temperatura baixa.

Tanta coisa mudou em tão pouco tempo. Tanto de mim eu descobri em tão pouco tempo. Tanto respeito por mim eu passei a ter. Respeito o suficiente para entender que essa sua passagem é só coisa da vida, que não faz mais muito sentido por aqui. É como esbarrar em alguém na rua, pedir desculpas e seguir.

Sabe, teve horas em que eu senti tanta vergonha de mim naquele inverno por criar sentimentos em tão pouco tempo. Hoje eu sinto um baita orgulho. É lindo isso. É lindo demais se abrir para uma paixão e também é lindo se machucar. Loucura? Acho que não. Sem essas cicatrizes por aqui eu não teria algumas das marcas que eu mais gosto em mim.

Gostar de mim. Isso é outra coisa que eu estou aprendendo muito. Começou naquele dia em que ninguém aparecia e acabei batendo um papo comigo. Acredita que eu comecei a entender algumas coisas sobre mim? Hoje decidimos começar um relacionamento sério. Tem dado certo. Não é perfeito, mas é por isso que eu esteja achando perfeito.

Olha só. Parece que o sol está querendo aparecer. De repente ele chega e vai ajudando a exceder aquele seu brilho que, de tão forte, fica impossível de ver, por isso acabo me esquecendo sem me esquecer de você.

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Junho de 2020

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