A mancha que não sai
Aconteceu de um jeito inesperado. Você ali me achando louco. Eu ali te achando único. Pode ser, vai. Eu estava meio louco mesmo. Afinal, eu estava perdido, mas você estava em casa. Eu te olhava. Você se esquivava. A música alta me excitava. Você me excitava. Não. Eu não estava tão louco assim quando me dei conta de que queria você. Estava certo de que era você. Teria que ser você. Só você me faria bem naquela hora. E aquela hora virou dias. Meses. Tudo contribuía para que fôssemos muito mais do que os outros julgavam. Sim. Nos julgaram. Eles julgam todos. Com nós dois não foi diferente. E o pior: não escapamos. Nosso julgamento foi até à última instância. A decisão coube a mim. Você não compareceu. Sua defesa não compareceu. A minha defesa estava em peso. Me senti um peso. O clima pesou. Entre acordos, beijos, receios, desejos, ódios e medos, eu te matei. Eu me sangrei. Uma dor tomou conta de mim. Tentei esconder seu corpo. Tentei esconder tudo. Eu tentei me esconder. Você se levantou ...