O ipê amarelo
Era setembro. Eu estava sentado no banco do parque, em frente a um ipê amarelo quando ela chegou. Parecia apreensiva. Foi direta. ― O que você quer comigo? ― Senta – eu disse. Sentou-se do meu lado e colocou a bolsa no colo. ― Então. O que você quer? ― Conversar. ― Conversar... Eu sei que você quer conversar! Tô perguntando o que você quer de mim com essa conversa. Entendeu? ― Entendi. ― Então fala! Você não é assim tão calado. Tá sempre cheio de argumentos. O que você quer? – estava impaciente. ― Quero, sei lá. Ver você. Ver se a gente pode, sei lá, tentar... ― Olha aqui! Eu não tô te entendendo. E, por favor. Olha pra mim. Não olha pro lado. Você me chamou pra conversar, não é? Eu tô aqui, então, POR FAVOR, esteja aqui também. Olha pra mim enquanto eu falo. Fiquei paralisado. De fato, eu não conseguia encará-la. Preferia olhar para o céu. O tempo estava aberto e o sol ardia. ― Ouviu o que eu disse? ― Ouvi. ―Não parece. Olhei para o lado. Um. Dois. Dois passarinhos compartilham agora ...