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Mostrando postagens de agosto, 2018

Um cafezinho

Onde está você?

Era meia-noite. Ela estava perdida em plena Avenida Anhanguera. Sozinha. A bateria do seu celular estava acabando. Não se importava. Na verdade, sabia apenas de uma coisa: aquela era a hora. Veio assim, do nada, o desejo de acabar com tudo. Tirou o celular do bolso. Vinte por cento de bateria. Ligou para ele. – Edu. – Clarice? – Onde você tá? – Tô em casa. O que foi? – Eu tô perdida, Edu. – Como assim? Onde você tá? – Tô na rua. – Quem tá aí com você? – Eu. – Como assim? Você tá sozinha na rua uma hora dessas? – Minha bateria tá acabando. – Pelo amor de deus. Onde você tá? – Na Anhanguera. – Você tá bem? – A gente precisa conversar. – Pelo amor de deus! Vai pra casa. – Eu quero conversar. Tudo bem? – Tudo bem, mas vai pra casa, ok? Não fica na rua. Você viu que horas são? – Não importa. – É claro que importa! Você está em plena Avenida Anhanguera, uma hora dessas. Tá tudo bem? – Tá. Tá tudo bem. (silêncio) – Clarice?– Oi. – Volta pra casa. – Edu, na verdade não tô bem. – Eu vou aí. Pel...

No meio da crise tinha uma flor/planta/ser vivo

Samir, respira. Olha o tamanho dessa planta comparada ao tamanho do mundo. Agora pensa no problema. Agora olha a planta. Agora finge que seu problema é essa planta. Agora pensa no tamanho do mundo. Na planta. No mundo. Planta. Mundo.Quer saber? Tô nem aí. Se eu achar que meu problema é grande ele vai ser. Não sou escritor de autoajuda. Pensando bem, a planta é pequena. Tem problema pior. Verdade. Meu problema não é nada. É até bonitinho. Deixa eu fazer uma foto. Olha que linda. Plantinha. Problema. Mundo. Verdade. Paz. Amor. Ah, que saco. Eu quero reclamar mesmo. Me deixa. Mas que flor bonitinha. Flor não pode ser comparada a problema. Isso é uma flor? Eu não entendo nada de biologia. Claro que não é flor. Cadê as pétalas? Será que é folha? Sei lá. Mas é pequena. Meu problema é grande. Não! Pequeno. Meu problema é a planta. A planta perto do mundo é pequena. Meu problema não é nada... É sim! Ai, não sei. Eu tenho casa, comida... Eu odeio cozinhar. Tô com fome. Chega.

Aqui vamos nós (de novo)

Quando eu tinha 13 anos minha mãe comprou um daqueles DVDs que vendiam na rua com músicas da época dela. Até então eu só escutava o que passava no MTV Hits ou TVZ e, claro, as musiquinhas do Disney Channel. DVD no player. Volume alto. Pronto. Começava uma música que dá rasteira em boa parte das sofrências de Adele ou até mesmo de nossa musa sertaneja, Marília Mendonça. A música era  The Winner Takes It All ,  do grupo sueco ABBA. Foi assim que descobri uma das minhas bandas preferidas: um DVD piratão com sucessos “flashbacks”. Depois disso, ABBA ficou presente na minha vida até hoje. Lembro que na época baixei toda a discografia. Passava horas organizando os arquivos e escutando. A melhor surpresa veio no mesmo ano com o anúncio do filme  Mamma Mia!  “Cara, um musical só com músicas do ABBA! É isso mesmo?”, pensei. Infelizmente, a vergonha e a falta de amigos me impediram de vê-lo no cinema. Tudo bem. Eu fiz a reserva na locadora antes mesmo de lançar o DVD. Lá estav...

O dia em que escrevi um soneto

Passo o dia inteiro escrevendo em frente a uma tela de computador. Um dia desses, quando cheguei em casa, decidi continuar escrevendo, mas ao contrário de títulos publicitários ou roteiros com trocas de ofertas, decidi ser um pouco ousado. Quis escrever um soneto.