À Procura (final)
III O DIA Até hoje não encontrei um adjetivo que descreva o meu sentimento naquele dia. Não sei como tive forças para levantar-me daquela imundice. Corri para ruas mais distantes com medo de ser vista naquele estado. Dona Edith, uma prostituta conhecida na cidade, foi quem me viu. Não me perguntou nada. Pegou em minha mão, levou-me para sua casa. Lá tomei banho, me recompus. Ela me ofereceu um chá, mas disse que não precisava. Agradeci e caminhei de volta para casa. Durante todo o caminho tentei segurar o choro. Pensava em meus pais. Pensava naquele homem. Pensava no quanto fui idiota em aceitar andar na moto de um desconhecido. Agradecia a Deus por meu pai não estar em casa nesse dia. Minha mão não desconfiaria de nada. Estava ocupada com Beto. Todas as lágrimas que guardei no caminho foram despejadas em meu travesseiro. Esse foi o dia. O pior dia da minha vida até o desaparecimento do meu Carlinhos. IV O ESPELHO Passaram-se dias, semanas. Ninguém em casa percebia minha tristeza...